O
homem é constituído por vontades e desejos, ele é constituído interna e externamente.
Existem conflitos a serem quebrados, barreiras a serem destruídas.
Desequilíbrios a serem acalmados.
Paulo, o apóstolo, viveu esse drama durante sua vida: em
sua carta aos Romanos ele narra um período em sua vida em que ele passou por
conflitos internos. Desequilíbrios emocionais. Viveu o dualismo entre satisfazer suas
vontades versus renegar suas
vontades. Colocar em primeiro lugar a busca pelos seus próprios prazeres ou
colocar em primeiro lugar o prazer de Deus em tê-lo como filho.
O dilema de Paulo é vivido por vários de nós. Conflitos internos.
Luta diária para superar uma prática antiga ou não, mas uma prática em que
acaba por tirar do caminho quem a pratica. Vida e morte estão em jogo. Andar no
Caminho ou ficar à beira dele.
Mas por que não consigo fazer o bem que quero? Por que
planejo, construo mentalmente minhas ações de renegação ao pecado, mas
chegando na hora, nas circunstâncias, acabo praticando justamente o contrário
àquilo que havia planejado?
E se o mal que Paulo tanto fala for aquilo a que eu sou tanto apegado?
E se o mal que Paulo relata na sua carta aos Romanos for aquilo que amo? E se o
mal que Paulo constata ter tido como experiência for aquilo que me dá prazer
imediato? E se o mal for o meu coração? E se o mal for o meu desejo, for o meu
sonho, for o meu projeto de vida, for aquilo que eu acho que seja o melhor para
mim?
O que fazer quando minhas decisões não resultam em ações?
O que fazer quando o que está no meu interior sempre tira o melhor de mim?
Por que continuo praticando o mal mesmo não querendo? Vamos
operacionalizar esse tipo de situação. Por exemplo, tenho acessado sites pornográficos todas
as noites antes de dormir. Momentos antes de me deitar penso na minha prática.
Sei que é errado. Me planejo para não visitar os sites pornográficos. Aquilo
toma minha mente, invade todo o meu ser, tento não ir, mas quando me deparo já
estou acessando novamente. E após o ato sinto-me com remorso.
Isso ocorre por que foco tanto em mim mesmo que acabo
praticando tal ato. O que ocorre é uma hiperatenção sobre tal prática. Existe
uma pressão por parte da minha vontade e uma contrapressão em não realizar o
ato. Eu me fecho em mim mesmo, é um ciclo difícil de ser quebrado. Pois o foco
é todo voltado para mim. Paulo diz que ficar obcecado consigo mesmo nessa
questão é entrar em um beco sem saída. Ou seja, continuar fechado nesse círculo
que mais parece aquele sinal de infinito é ser levado a cair na mesma situação.
E como esse círculo é quebrado? Paulo responde que ele só
pode ser superado em Deus. Esse círculo só pode ser quebrado quando a pessoa se
distancia dele mesmo, quando ele renega a atenção para si e se volta para Deus.
O segredo é confiar no pai que está agindo através do Espírito. Direcionar o
foco para si mesmo é o oposto de se concentrar em Deus. E assim acaba por
pensar mais nela que em Deus. E ignora quem Deus é e o que ele está fazendo.
Então se você não consegue praticar o bem que deseja, se
abra à Deus, pois se o próprio Deus estiver em você, dificilmente você pensar
mais em você mesmo que no próprio Deus. Quando o Eterno vive e respira em você, a morte
fica para trás e a vida fica diante de você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário