quarta-feira, 25 de maio de 2011

Neo vs Smith

- Por que, Mr. Anderson? Por que você faz isso? Por que levanta? Por que continuar lutando? Você acredita que está lutando por alguma coisa? Enquanto ainda sobrevive? Você pode me dizer o que é? Você ao menos sabe? Pela liberdade? Ou pela verdade? Paz, talvez? Sim? Não? Poderia ser por amor? Ilusões, Mr. Anderson. Estranhas percepções. Construções elaboradas pela débil mente humana tentando desesperadamente justificar uma existência sem significado ou finalidade. Isso tudo é tão artificial quanto a própria Matrix, embora só a mente humana seja capaz de inventar algo tão insípido como o amor. Você não pode negar, Mr. Anderson. Você precisa ver isso. Você não pode vencer. É inútil continuar. Por que, Mr. Anderson? Por que? Por que você persiste?

            É com esse diálogo da luta final entre Neo VS. Smith do terceiro filme da trilogia Matrix que começo mais um texto. Mas antes de abordar a fala acima em si, vamos analisar rapidamente a trilogia.
            A trilogia, como todo mundo já está careca de saber, fala da manipulação do sistema global e de como as pessoas não tem o senso crítico, não conseguem analisar, pensar, exercer algum tipo de reação relevante em relação a esse sistema falido. Os filmes dos irmãos Wachowski sem dúvida nos fazem pensar um pouco a respeito disso. Não vou aqui fazer um texto analisando o contexto sociológico do filme, até por que a “dona net” já está saturada de artigos como esse.
            Uma das coisas que me chamou atenção no filme foi uma dúvida do nosso herói, o Neo: destino ou livre escolha?
            O nosso herói, ao ser questionado por Morpheus se acreditava em destino, reponde negativamente, justificando que gosta de pensar que a vida é dele e por isso o controle está em suas mãos. Mas, vemos no decorrer da trilogia que Neo parece ser pré-destinado a tal objetivo que é o de ser o salvador da raça humana. O que se confirma na conversa de Neo com o Arquiteto (o criador da Matrix). O Arquiteto expõe que já houve outros cinco “escolhidos” como o Neo, e que na verdade ele também faz parte de um sistema pré-estabelecido. Até aí se confirma o sentido de destino. O Arquiteto apresenta duas opções a Neo: ver Zion (a última cidade dos humanos fora da Matrix) ser destruída, perdendo todo mundo que ele ama, e ao mesmo tempo a possibilidade de “reconstruir” a raça humana; ou voltar à Matrix e tentar salvar Trinity, a sua amada, tendo por conseqüência a extinção da raça humana. Como Neo, endossado pelo Arquiteto, afirma: o problema é a escolha. As cinco anomalias antecessoras à Neo optaram pela destruição de Zion e a reconstrução da raça humana. Porém nosso herói, motivado pelo amor, surpreende o Arquiteto escolhendo a porta que traz a possibilidade de salvar a sua amada. Nesse ponto do filme quebra-se a idéia de destino. O esperado pelo arquiteto era que Neo optasse, assim como seus antecessores, pela reconstrução da raça humana. Neo, porém, decidiu salvar sua amada. Uma decisão egoísta da parte do nosso herói?! Aparentemente sim.
            Quando ele optou por salvar Trinity eu pensei “e a humanidade?!”. Mas como nosso herói já enfatizara, o problema é a escolha. As outras cinco “versões” do Neo -  penso eu - não tiveram motivação suficiente para optar pela escolha além daquela da reconstrução da humanidade. Baseado em que eu afirmo isso? No momento em que o Arquiteto apresenta as opções à Neo, ele dá um toque na sua “caneta mágica” e consegue ver todas as reações do nosso herói. Mas como o Arquiteto mesmo afirma a reação de Neo foi menos genérica que a dos outros cinco. Neo parecia ter mais motivos para se livrar de um sistema pré-estabelecido. Mais motivos ou um motivo a mais?! Acredito que um motivo a mais: o amor. Mas a questão aqui não é o amor (pelo menos não por enquanto) e sim o dilema livre escolha ou destino; logo Neo surpreende até o criador da Matrix escolhendo salvar Trinity, quebrando a idéia de destino que o filme apresentara até o momento,  tomando controle da sua vida. Porém toda escolha tem suas conseqüências. E o nosso herói sabia disso, ele sabia que a raça humana entraria em extinção e mais uma vez ele escolhe fazer algo e continuar lutando para achar alguma alternativa para pôr fim à guerra.
Mas o que o motiva a continuar lutando pela humanidade já que a sua amada já está a salvo? É aqui que entra a fala (citada no início do texto) do ex-agente Smith; e a resposta está na própria fala desse coadjuvante. Reparem que para todas as outras opções ele faz interrogações; mas apenas na opção do amor ele afirma, tentando negá-lo - “... embora só a mente humana seja capaz de criar algo tão insípido quanto o amor.”. O que motivou Neo a continuar escolhendo pela salvação da humanidade foi o amor por quem ele admirava, o prazer de estar ao lado de pessoas que o fizeram crescer, que o libertaram, que o tiraram do sistema pré-estabelecido, de um sistema onde os humanos não pensam, não criticam, são passíveis, são conformados, resumindo, da Matrix.  Essa era a maior motivação do nosso herói.
Ele deixou de ser controlado pelo sistema (algo que até então nem seus companheiros ‘escolhidos’ tinham conseguido), não obedeceu ao destino dele; todavia ele controlou a própria vida, salvou a raça humana e nos levou a refletir sobre várias coisas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cisne Negro

            Estava eu folheando uma edição da revista Psique quando olho uma matéria sobre o filme Cisne Negro. A priori, infelizmente, não tive a oportunidade de lê-la, porém fiquei muito interessado em assistir ao filme. Este que já conhecia de ouvir falar e nada mais.
            No começo me pareceu um filme de comum, mas que no desenrolar da trama, não tem nada de comum. Uma bailarina, a Nina (Natalie Portman), que beira seus trinta anos, busca um lugar ao sol, e ela consegue! Nina consegue o papel principal de rainha dos cisnes para a nova versão que o diretor Vicent Cassel está produzindo da versão do ballet de “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky. Nessa versão Nina terá de interpretar o cisne branco e o negro, encarar o bem e o mal. E é nesse ponto que surge o brilhantismo da história.
            Na busca por uma apresentação perfeita Nina terá de lhe dá com sua maior dificuldade, que é ela mesma. Todos os seus desejos e angústias reprimidos se afloram na busca por essa apresentação. Pelo fato de ter uma criação totalmente possessiva por parte da mãe, que faz inúmeras projeções na filha, Nina percebe que todo esse protecionismo e conseqüentemente toda a ingenuidade que traz consigo só atrapalha o seu desempenho. E é nesse ponto que a trama torna-se espetacular. Acompanhamos de perto a constante luta de Nina pra vencer seus medos e aflorar todos os seus desejos e finalmente conseguir a apresentação perfeita. É de tirar o fôlego, em uma atuação fantástica de Natalie Portman, que consegue prender a atenção do espectador do começo ao fim.
            Intenso com certeza é uma palavra para definir esse filme. Com todo o suspense e a luta que Nina enfrenta, o espectador se identifica com o personagem. Pois mostra a luta, id x superego (como já dizia Freud), que cada um tem todos os dias. Luta do instinto contra os valores morais, do “bem” contra o “mal”, do cisne branco contra o negro.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Apresentação

            Hoje em dia quantas pessoas não buscam o autoconhecimento, elevar suas habilidades técnicas, capacitar-se profissionalmente e tudo mais?! Afinal na época em que estamos vivendo, uma das coisas que tem dado mais pano pra manga é sobre o autoconhecimento, no que tange a subjetividade, o individualismo; e, em relação ao profissional, é sobre a capacitação, a experiência técnica.
            Pois bem, encontrei um termo um tanto quanto adequado para esse tipo de busca que o ser humano persegue nos tempos atuais. Cada indivíduo busca ser uma pessoa melhor; uma pessoa equilibrada, que tenha controle sobre suas emoções, que saiba lhe dar com as diversas situações do dia-a-dia. Atingindo, ou pelo menos tentando, uma estabilidade. Esta estabilidade quer seja emocional - “A estabilidade emocional é o efeito da convicção íntima do homem, que assim expressa a segurança de fé e de ideal que esposa.” (De “Viver e amar”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis); familiar - “Para a busca de soluções para os conflitos familiares, um dos principais caminhos a ser seguido é o da afetividade.” (SIERRA LONDONO, 1998); ou financeira.  
            Sempre o que buscamos é a melhoria, o aprimoramento – pelo menos é o que eu espero que você tenha como uma filosofia de vida. Pra quem não sabe, o meu nome é Othon. Então eu fiz uma pequena brincadeira com a palavra otimizar – termo um tanto quanto adequado. Fiz uma fusão do meu nome com essa palavra e saiu “othimizar”. E como eu vou pregar sobre a busca dessa melhora do indivíduo enquanto pessoa, o termo final ficou “othimize-se”!