quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ídolos desprovidos de saúde emocional

“Hoje não sou feliz.” (Xuxa Meneghel)
                Ídolo é um objeto de adoração que representa materialmente uma entidade espiritual ou divina, e freqüentemente é associado a ele poderes sobrenaturais, ou a propriedade de permitir a comunicação entre os mortais e o outro mundo. Na atualidade, com o avanço da tecnologia, o acesso de pessoas comuns a trabalhos de artistas, políticos, e personalidades importantes, o termo ídolo expandiu-se da esfera divina para a humana. É comum hoje em dia as pessoas associarem o termo “ídolo” a uma pessoa que possui sucesso em sua respectiva área profissional. Vou me direcionar especificamente às pessoas que estão na mídia.
                Quando criança quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol famoso como fora o Ronaldo (no caso dos meninos); no caso das meninas, quem nunca sonhou em ser uma princesa como fora a Lady Di ou uma atriz bem sucedida?! Isso é natural do ser humano. Lendo uma dessas revistas sobre as celebridades vi uma reportagem da Xuxa dizendo que não era feliz. Isso ativou minha memória e lembrei-me de outras tantas celebridades que conhecemos que seguem o mesmo rumo da Xuxa. São pessoas bem sucedidas; possuem fama, dinheiro, popularidade. Mas ao mesmo tempo não são exemplos de saúde emocional. Casam-se e se separam inúmeras vezes. Trocam de companheiros sempre. Isso é muito comum entre o “meio” das celebridades, dos ídolos; que, por muitas vezes, são os nossos. Essa falta de saúde emocional é fruto de que? Esses ídolos muitas vezes são carismáticos, conhecem os segredos da sua profissão, sabem expressar opiniões sobre diversos assuntos. Mas eles não descobriram como funcionam as suas emoções, ou não conhecem seus segredos ou têm medo de descobri-los.
                Fico preocupado em as pessoas tomarem como exemplo esses ídolos. É assim que você quer ser? Bem sucedido profissionalmente, porém destruído emocionalmente? Quando você se espelha em alguém, o desejo é seguir os passos dela. Tem gente que copia todo o estilo visual de seu ídolo; e, infelizmente, não é só o visual que é copiado. Muitas vezes as ações, as atitudes também o são. Aí é minha preocupação. Prestemos atenção em quem são nossos exemplos. Mais importante do que ter sucesso profissional é ter sucesso emocional. Antes do profissional, tenha o emocional. Não é à toa que no atual mercado de trabalho as empresas priorizam por um candidato como boa uma saúde psíquica.
                Não queira ser igual a um cara famoso, bem sucedido que espanca sua namorada; muito menos a uma socialite que está em seu nono casamento; só pelo fato deles terem um aparente sucesso. Afinal de contas se você investir em sua saúde emocional terá como consequência uma vida muito mais sucedida do que qualquer outro.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Politicamente correto por Ben-Hur Rava

Piadas e humor rendem boas gargalhadas e, invariavelmente, polêmica. O Ministério Público abriu inquérito contra o humorista Rafinha Bastos por suposta apologia a estupro ao ter elogiado estupradores de mulheres feias em show de stand up comedy. Afora a questão do bom ou mau gosto da blague, o episódio merece reflexão.
Até onde vai o limite ao direito de manifestação de pensamento e liberdade de expressão? Alguns dirão: há de se proibir os abusos! Cadeia para engraçados e falastrões!
Mas onde está a razão?
Geralmente a liberdade de expressão é um direito bem vindo pela opinião pública, desde que não seja ofensiva ou politicamente incorreta. Quando se veicula opinião fora dos padrões da moral e bons costumes aceites em determinados grupos sociais a coisa muda de figura. Todos querem liberdade para expressar-se sobre política e rock'n roll, mas quando o assunto é sexo e drogas o debate esquenta e lá vem o MP com processo.
Nos EUA, a 1ª Emenda é categórica ao proteger a liberdade de expressão. Lá, juízes fazem interpretação ampla (direitos absolutos) da aplicação da liberdade em casos relacionados à comédia e à satira usada na mídia e espetáculos, seja por entretenimento, seja por veiculação publicitária.
Inúmeros casos foram julgados, sendo o mais famoso o de Larry Flynt, editor da Revista Hustler, em 1983, quando publicou paródia sexual de incesto do falecido Reverendo Jerry Falwell e sua mãe. O processo foi à Suprema Corte, em 1988, e então Chief Justice Rehnquist disse: "No cerne da 1ª Emenda está o reconhecimento da importância fundamental do livre fluxo de idéias e opiniões sobre a preocupação com assuntos de interesse público". Shows de David Letterman, Jay Leno e Jon Stewart foram cerceados por suas opiniões sarcásticas e corrosivas. Produtores do Saturday Night Live e South Park foram processados pelas gags hilárias, ainda que de gosto duvidoso. Porém, tem prevalecido a convicção de que a Constituição é pilar inabalável da liberdade de expressão, como forma de cultura democrática, mesmo em face a direitos dos grupos e minorias.
Hoje, no Brasil, a ditadura do politicamente correto quer restringir a plena liberdade, qualquer que ela seja. Cria-se uma rede de patrulha às livres idéias da imprensa e mídia que ameacem valores conservadores arraigados.
Por isso, o preço da liberdade é a eterna vigilância.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Etnocentrismo denominacional

      
Estava eu um dia na faculdade apresentando e assistindo a um seminário na cadeira de psicologia social quando um grupo teve como tema a etnia. Eles fizeram uma apresentação muito boa e quando eles estavam na metade da apresentação, tocaram no etnocentrismo, um assunto que me chamou a atenção. Vamos conhecer um pouco sobre esse assunto?

Bom, de acordo com a maioria, Etnocentrismo' é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado indivíduo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro se julgando melhor, seja pela sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por uma diferente forma de se vestir. Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro. 

Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros. O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. A tendência do ser humano nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente ou não está de acordo com suas tendências, costumes e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que "transgredia" toda a lei e costumes da época; este termo é, portanto, etimologicamente semelhante ao selvagem na sociedade ocidental. O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado dentro de uma sociedade. Agressões verbais, e até físicas, praticadas contra os estranhos que se arriscam em determinados bairros periféricos de nossas grandes cidades é um dos exemplo. Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.



Agora que já conhecemos um pouco sobre o etnocentrismo queria falar o porquê da minha iluminação. Eu estava muito atento à apresentação do grupo dos meus colegas, eles tocaram nesse assunto, e eu fiz uma busca no meu hd procurando alguma situação que ilustrasse o tema. Pois bem, eu achara. Na realidade eu acabara por juntar o conceito às situações conhecidas por mim. Em 1 Co 12: 12-25 o apóstolo Paulo fala sobre o corpo de Cristo e seus diferentes membros com suas respectivas funções. Como não é nenhuma novidade, existem muitas confusões dentro das igrejas com relação à diversidade desses membros. Mas eu vou abordar uma versão um pouco mais ampla, como cada membro sendo uma denominação diferente.

Assim que surgiu o movimento G12 houve várias críticas ao movimento e às suas estratégias; assim como também sempre existiu conflitos entre batistas versus assembléianos e etc. Além de questões doutrinárias envolvidas, com certeza existe o etnocentrismo denominacional. Eu já participei de algumas denominações de igrejas evangélicas; já fui batista tradicional, já fui assembléiano, já fui do G12 e hoje me congrego em uma batista (com um caráter bem pouco tradicional). E também já convivi com pessoas de outras denominações, assim como já ministrei em outras. Resolvi falar sobre essa mania que um grupo evangélico tem de analisar as doutrinas, as culturas de outras denominações a partir de um ponto de vista que é o qual ele está inserido. Já escutei e já participei de rodas que criticavam os irmãos de outra denominação só por ele fazer parte dela; ou pelo fato do homem usar brinco, ter o cabelo longo; ou pela irmãzinha não usar maquiagem, ou usar calça, ou ser pastora e etc. E sim, as pessoas que criticavam se julgavam melhor, pois acharam que eram mais livres ou mais santas por usarem isso ou aquilo; ou por ser, por ter alguma coisa ou não. Tremendo erro não?! 

Já ouvi absurdos, como por exemplo, de algumas pessoas que ao saírem de determinada denominação foram rotuladas de pessoas que não seriam mais abençoadas pelo Pai; como se só nessa determinada denominação é que as coisas acontecessem, por que lá se trabalhava de uma determinada forma (que era a melhor de acordo com eles). Já ouvi também grupos se achando mais santos por que praticavam tais ações e os outros, não. Já vi uma irmã perdendo a calma por que eu dissera que queria comprar o cd de uma pastora que saíra da nossa denominação. Eu mesmo já sofri esse tipo de problema quando me mudara de um grupo para outro; uma irmã da minha antiga igreja me perguntara (com um tom de ironia) se eu ainda era crente pelo simples fato de ter deixado a igreja dela e entrado em outra; vale lembrar que até hoje ela não entende o porquê de eu ter saído da sua igreja, já que lá era minha família. O engraçado é que ela me falou o seguinte: “Eu não entendo como tu pôde ter saído de lá, já que lá é a tua família.”; eu respondi que eu não tinha saído da minha família; minha família é o corpo de Cristo como um todo, não só uma igreja em específico. O problema é que ela não enxergou isso. Ela defendeu tanto o fato de que eu só estaria na família se compartilhasse do mesmo grupo dela que insinuou o meu “desviamento” dos caminhos do Pai.
                
Como um cristão é capaz de pensar que um indivíduo só é bom, só presta, só é abençoado quando está no mesmo grupo dele?! Isso só acontece por que a imaturidade impera no meio evangélico. A dificuldade de aceitar as diferenças está estampada em nossa realidade.  Esse tipo de pensamento me deixa muito triste. De uma maneira ou de outra, acaba-se por desmerecer a estratégia de outros grupos. E isso traz muito mais que a divisão, traz os conflitos, traz a falta de respeito. Em Mateus 12:25 Jesus já dizia que todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.

Então que a gente possa deixar de achar que o outro irmão não presta só por que ele não é da sua convenção, pois o Mestre já dizia “pois quem não é contra vocês, é a favor de vocês.” (Lc 9: 50b). Independente de denominação, cultura, doutrinas, tudo é válido, estando sob a luz da bíblia é claro, na contribuição para a propagação do Reino de Deus.