Temos
dois objetos em destaque nessa parábola, a saber, o vinho e o odre. E temos
duas categorias dividindo esses dois objetos; primeiro, o vinho é classificado
em: vinho novo e vinho velho; e segundo, o odre é classificado em: odre novo e
odre velho.
Muitas
linhas de interpretação zelam ou dão ênfase ao “vinho novo” ou “novo de Deus”.
Interpretam como se o Reino de Deus (vinho novo) fosse a novidade trazida para
subjugar a lei (vinho velho).
Essas
linhas também falam que o “vinho novo” quebra as estruturas antigas (odres
velhos), pois o que é velho não suporta o que é novo.
Então
é preciso a novidade de Deus – ou o Reino de Deus – (vinho novo) ser derramada
em estruturas novas (odres novos) para não ser desperdiçada.
Esse
tipo de interpretação reivindica uma reforma. Vamos reformar?! O que você
entende quando pensa em reformar uma casa, por exemplo? A primeira coisa que
vem ao pensamento é mudar algumas coisas de lugar, dar uma nova pintura,
comprar móveis novos.
Porém
o que chama atenção nessa parábola é a última fala de Jesus, na sua biografia
escrita por Lucas no capítulo cinco, verso trinta e nove, parte b:
“O vinho velho é melhor!”
Isso
estimula o meu raciocínio, pois a corrente majoritária de interpretação dessa parábola
reza em prol do “vinho novo”, porém Jesus afirma que o vinho velho é melhor!
E
isso é tão lógico que passa despercebido. Toda pessoa que já ouviu falar sobre
vinhos sabe que o vinho velho é melhor que o vinho novo.
Agora,
voltemos ao raciocínio sobre reformar. Reforma significa voltar à origem. Foi
isso que Martinho Lutero e o grupo de reformadores da igreja queriam; o desejo
deles era tirar os novos dogmas que se instalaram na igreja e voltar aos dogmas
que deram origem a ela.
Um
dos significados de reformar é renovar que vem do latim renovare ou fazer voltar ao primeiro estado. Voltar às origens.
Essa é a interpretação mais apropriada sobre a palavra reforma.
Voltar
ao caminho e conservar o odre. É sobre isso que Jesus quer falar nessa
parábola. Ela é voltada para a conservação dos vasos, para a conservação da sua
igreja, para a conservação da sua noiva. Por isso Jesus fala que o vinho velho
é melhor, pois ele conservará a sua noiva no caminho.
Jesus
prever o vinho novo como teologias novas, como doutrinas novas, trazidas à luz
debaixo de um mundo mergulhado em um humanismo em que o centro do universo é o
próprio homem. Esse é o vinho novo ou vinho da menor qualidade relatado por
Jesus.
Aqui,
na verdade há um paradoxo, pois o novo homem que Jesus traz, a nova humanidade
estabelecida a partir de Cristo, é a humanidade original idealizada por Deus lá
no início da criação. Ou seja, o novo, na verdade é o velho ou o original.
Por
isso Jesus fala que ninguém, depois de beber o vinho velho, prefere o novo;
ninguém que queira conservar os odres colocará dentro deles vinho novo.
Parafraseando
Cristo: ninguém, depois de beber o vinho original; ninguém, depois de beber do
projeto inicial de Deus; preferirá beber um projeto novo, um vinho de menor
qualidade, distorcido pelo egocentrismo humano.
A
preocupação de Jesus, o Cristo, nessa parábola é com a conservação da sua
noiva.
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