sábado, 21 de março de 2015

O vinho novo em odres velhos - A conservação da noiva

Temos dois objetos em destaque nessa parábola, a saber, o vinho e o odre. E temos duas categorias dividindo esses dois objetos; primeiro, o vinho é classificado em: vinho novo e vinho velho; e segundo, o odre é classificado em: odre novo e odre velho.

Muitas linhas de interpretação zelam ou dão ênfase ao “vinho novo” ou “novo de Deus”. Interpretam como se o Reino de Deus (vinho novo) fosse a novidade trazida para subjugar a lei (vinho velho).

Essas linhas também falam que o “vinho novo” quebra as estruturas antigas (odres velhos), pois o que é velho não suporta o que é novo.

Então é preciso a novidade de Deus – ou o Reino de Deus – (vinho novo) ser derramada em estruturas novas (odres novos) para não ser desperdiçada.

Esse tipo de interpretação reivindica uma reforma. Vamos reformar?! O que você entende quando pensa em reformar uma casa, por exemplo? A primeira coisa que vem ao pensamento é mudar algumas coisas de lugar, dar uma nova pintura, comprar móveis novos.

Porém o que chama atenção nessa parábola é a última fala de Jesus, na sua biografia escrita por Lucas no capítulo cinco, verso trinta e nove, parte b:

“O vinho velho é melhor!”

Isso estimula o meu raciocínio, pois a corrente majoritária de interpretação dessa parábola reza em prol do “vinho novo”, porém Jesus afirma que o vinho velho é melhor!

E isso é tão lógico que passa despercebido. Toda pessoa que já ouviu falar sobre vinhos sabe que o vinho velho é melhor que o vinho novo.

Agora, voltemos ao raciocínio sobre reformar. Reforma significa voltar à origem. Foi isso que Martinho Lutero e o grupo de reformadores da igreja queriam; o desejo deles era tirar os novos dogmas que se instalaram na igreja e voltar aos dogmas que deram origem a ela.

Um dos significados de reformar é renovar que vem do latim renovare ou fazer voltar ao primeiro estado. Voltar às origens. Essa é a interpretação mais apropriada sobre a palavra reforma.

Voltar ao caminho e conservar o odre. É sobre isso que Jesus quer falar nessa parábola. Ela é voltada para a conservação dos vasos, para a conservação da sua igreja, para a conservação da sua noiva. Por isso Jesus fala que o vinho velho é melhor, pois ele conservará a sua noiva no caminho.

Jesus prever o vinho novo como teologias novas, como doutrinas novas, trazidas à luz debaixo de um mundo mergulhado em um humanismo em que o centro do universo é o próprio homem. Esse é o vinho novo ou vinho da menor qualidade relatado por Jesus.

Aqui, na verdade há um paradoxo, pois o novo homem que Jesus traz, a nova humanidade estabelecida a partir de Cristo, é a humanidade original idealizada por Deus lá no início da criação. Ou seja, o novo, na verdade é o velho ou o original.

Por isso Jesus fala que ninguém, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; ninguém que queira conservar os odres colocará dentro deles vinho novo.

Parafraseando Cristo: ninguém, depois de beber o vinho original; ninguém, depois de beber do projeto inicial de Deus; preferirá beber um projeto novo, um vinho de menor qualidade, distorcido pelo egocentrismo humano.


A preocupação de Jesus, o Cristo, nessa parábola é com a conservação da sua noiva.

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