sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz ano novo!

Sei lá... tem dias que a gente olha pra si e se pergunta se é mesmo isso aí que a gente achou que ia ser quando a gente crescer...”
                Como diz o poeta sabiamente, é isso mesmo que eu quero pra minha vida? Estou fazendo aquilo que sonhara quando mais novo, quando me dei conta da minha existência, quando resolvi dá sentido para minha vida?
                A vida é feita de circunstâncias que nos obrigam a fazer escolhas que acabam nos levando para perto ou para longe dos nossos sonhos. Escolhas que são tomadas para nos trazer um conforto, muitas vezes imediato; mas que não nos trarão, lá na frente, uma satisfação plena.
                “... E se pergunta se anda feliz com o rumo que a vida tomou no trabalho e no amor...”
                Esse trecho retrata o tipo de pessoa que fez uma escolha (ou escolhas) que a afastou daquilo que ela realmente gostaria de fazer. “Se pergunta se anda feliz”, andar feliz, estar feliz; mas o que é felicidade? Seria bem-estar? Seria a realização daquilo que sempre buscamos para nossas vidas? Talvez... pode ser. Pra muita gente, felicidade está atrelada àquilo que dá prazer, que dá gosto em fazer, que traz tranqüilidade. Resumindo, pode-se entender que a felicidade estaria naquilo que a gente gosta em geral.  
Para fazer o que se gosta é preciso escolher fazer mesmo parecendo loucura ou achando que não dará certo. Afinal, fazer o que gosta superará qualquer dificuldade, qualquer desafio, qualquer vontade de desistir. Não pelo simples fato de realizar uma tarefa, um serviço; mas pelo fato de que ali está tudo o que sempre sonhou, tudo o que sempre quis, tudo o que sempre buscou. Ludere quae ego volo é uma frase em latim que diz “Toco o que quero.”, no sentido de fazer o que gosta. E você, faz o que gosta?!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Análise do Filme Mr. Jones

Mr. Jones (Richard Gere) é um homem impulsivo e fascinante, que atrai as pessoas com o seu encanto e a sua energia vital. No entanto, por vezes passa bruscamente desse estado de euforia para um enorme desespero. A sua psiquiatra, a Dra. Elizabeth Bowen (Lena Olin) está decidida a ajudá-lo. Mas antes que dê por isso, estará profundamente ligada a ele.
Bom, depois da sinopse oficial do filme, a história contada, como fora citada anteriormente, é a do personagem Mr. Jones (Richard Gere), que sofre de Transtorno Afetivo Bipolar. O TAB pode ser considerado uma perturbação afetiva que alterna de estados maníacos a estados depressivos. O Mr. Jones, de modo geral, é um homem bastante inteligente, culto, eloqüente. Quando se encontra na fase maníaca algumas características “recebem um ganho”; torna-se eufórico, encantador, galanteador, hiper-ativo. Consegue assim, conquistar muitas coisas ao seu redor; consegue um emprego e também sair com uma operadora de caixa de um banco; intromete-se na regência de uma peça de Beethoven, pois achou que a mesma deveria ser executada em allegro vivace(andamento mais rápido);  vale lembrar também que na fase eufórica a sua confiança é tão grande que ele põe-se a conquistar uma mulher que estava na companhia de seu parceiro sem medo de possíveis conseqüências. Não podemos deixar de citar também uma vontade que o Mr. Jones sustenta durante todo o filme, que é a de voar (isso quando está na sua fase eufórica). Nota-se que nessa fase o personagem arrisca sua vida por diversas vezes. Porém, quando se encontra na fase depressiva, Mr. Jones parece ser outra pessoa; apático, com humor deprimido, parece abalado por uma situação de perda de um relacionamento amoroso. Nessa fase o personagem demonstra toda sua fragilidade, e a idéia de “super-homem” motivado, apaixonado pela vida cai por terra. Parece ser contraditório, e até mesmo pouco provável de que esse quadro possa acontecer na vida real. Mas não, tirando é claro o romantismo da sétima arte, uma pessoa que sofre com o Transtorno Afetivo Bipolar apresenta sim, esse padrão.
Quanto à personagem de Lena Olin, a Dra. Elizabeth Bowen, é apresentada como uma das melhores especialistas da região na qual está inserida; parece ser bastante centrada, encarando com muita seriedade a sua profissão. Mas encontra-se em um estado de vulnerabilidade emocional, pois está se divorciando. Ao encontrar-se com o Mr. Jones (em sua fase eufórica), descreve-o como um homem muito interessante. Essas contigências – ela, em um estado vulnerável-emocional, e ele, em sua fase eufórica do TAB - acabaram por facilitar o envolvimento dos dois. Que para a visão romântica da coisa, esse envolvimento é até legal; mas que para a visão proposta para essa análise, que é a de um olhar enquanto acadêmico de psicologia, não é aceitável.
O envolvimento dos dois personagens acaba por prejudicar o tratamento do paciente. Já que, como a Dra. Bowen deixou ser levada por seus sentimentos, acabou prejudicando a sua escuta enquanto psiquiatra do caso Jones. Sabemos que há, por muitas vezes, identificações, ligações terapeuta-cliente; e o terapeuta sabe que qualquer tipo de ligação (no sentido de não saber separar, de tomar partido por alguma experiência)  com o cliente prejudica o tratamento em questão. A grande crítica ao filme é justamente a conduta inadequada que Elizabeth tem com o Mr. Jones.  Ao envolver-se com o cliente a doutora tem uma perda significativa na eficiência das suas intervenções; motra-se bastante interessada e acaba sendo invasiva em relação à vida pessoal do Mr. Jones. Ela faz intervenções tendenciosas – em uma das sessões Elizabeth pergunta sobre Ellen (ex-amor de Mr.Jones) - e de pouco proveito para o paciente. No desenrolar da história o interesse amoroso aumenta enquanto que o interesse em tratar o transtorno do paciente parece diminuir; o que culmina na consumação da relação amorosa dos dois. Quebrando assim, o que seria “uma das maiores regras” que envolve a psicoterapia: envolver-se com um paciente.
Enquanto espectadores de um romance, torcemos para o “típico final feliz” existir, porém ao analisarmos com o olhar da ética profissional torcemos para que Elizabeth consiga resistir aos encantos do Mr. Jones, manter-se firme no tratamento e conseguir a estabilidade do caso. Um final que também seria feliz e se encaixaria melhor na realidade em que estamos inseridos.