quarta-feira, 14 de março de 2012

Indulgências e Bençãos

            No século XVI um grande escândalo provocou uma revolta dentro da igreja cristã. Essa revolta ficou conhecida como Reforma; e foi encabeçada por Martinho Lutero que estava insatisfeito com a forma de a igreja conduzir algumas questões. O ponto-chave que fez eclodir a Reforma foi a venda das indulgências. Nos dias atuais a igreja brasileira tem vendido, o que eu chamo de “novas indulgências”. Será que teremos uma nova reforma?
             Todos sabem que a igreja, a partir do momento em que fora incorporada ao império romano no séc. III por Constantino, tornou-se ao longo dos séculos uma instituição muito poderosa. E é válido lembrar: o poder em detrimento da pureza doutrinária e do objetivo real da igreja. Em meados do século XVI a igreja tinha influência sobre todas as áreas possíveis da sociedade da época, desde a educação até a política. Porém esse poder foi conseguido pela corrupção das autoridades religiosas da época. A decadência moral foi se instalando devido a queda do império romano que trouxe a descentralização do poder e a consolidação do feudalismo, onde justamente a influência dos senhores feudais trouxe a decadência moral do clero.
Com o clero corrompido vieram os excessos em relação às doutrinas cristãs da época. Um desses excessos foi a venda de indulgências. Indulgência é o livramento da conseqüência de um pecado, este já perdoado. João Tetzel foi um famoso vendedor de indulgências, ele dizia que, se alguém comprasse uma indulgência para um parente falecido “no momento em que a moeda tocasse no fundo do cofre, a alma saltava do inferno e ia direto para o céu”. O motivo pelo qual as pessoas compravam essas indulgências era que elas queriam se livrar do sofrimento, queriam livrar-se do mal causado pelo desvio de sua conduta. O excesso era tão grande que as pessoas “livravam o sofrimento” até de parentes que já haviam morrido; compravam as indulgências e o morto ia direto do inferno ao céu com apenas um pulo.



E cá estamos, no começo do século XXI, uns quinhentos anos pós-reforma. Vivemos em uma sociedade capitalista, onde o individualismo tem ganhado força; sociedade que valoriza o ter em detrimento do ser. Onde a realidade da igreja, que nasceu da reforma, é preocupante, pois a igreja agora é conhecida, famosa, é amiga dos grandes sistemas que controlam o mundo; é uma igreja que também, muitas vezes tem valorizado o ter. Esse tem sido o discurso: “Venha para minha igreja que Deus te dará!”. A igreja reformada que nasceu no século XVI se corrompeu. As indulgências dos dias atuais são as bênçãos de Deus, o quanto você pode pagar será o quanto que Deus vai te abençoar. Você quer um carro, plante um carro – assim é o discurso – ou oferte uma casa para ter uma casa maior.



Do mesmo jeito que ocorrera no século XVI: com a igreja corrompida vieram os excessos. O excesso de hoje é a troca da benção pela “oferta”. Na verdade não é uma oferta, é uma compra. Eu pago, logo quero a mercadoria; seja um emprego, uma casa, um prato de comida, um carro, seja a cura de uma doença. Repare que essa troca é sempre em busca do livrar o sofrimento, assim como o povo do século XVI, comprando as indulgências faziam. O sofrimento que está escancarado nos dias de hoje é o sofrimento do não ter. Se eu não tenho uma casa, um emprego, um carro eu sou uma pessoa mal vista pela sociedade devido o sistema de valores que se estabelece nos dias atuais, sistema que valoriza o ter em detrimento do ser. Logo a igreja percebe isso e com um desvio doutrinário gritante ela oferece aquilo que a sociedade deseja. A igreja oferece o ter.
A igreja corrompida e a sua busca pelo poder, e o povo e a sua busca por fugir do sofrimento. Até quando a igreja insistirá nisso? Até quando o povo insistirá nisso?! Até o dia em que a igreja despertar e ver que não é pelo tamanho do seu poder, e sim pelo tamanho do poder de Jesus Cristo que ela se tornará vitoriosa. E até o dia em que o povo perceber que não adianta fugir do sofrimento, este é parte integrante da existência humana e o homem tem de aceitá-lo, tem de dar uma nova visão a ele, e aí sim partir para uma caminhada verdadeira com Cristo. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sejam tolerantes com os que têm opiniões diferentes


           Apocalipse 3:20 “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”

“Não é a diversidade de opiniões, algo que não pode ser evitado, mas a recusa da tolerância com os que são de opinião diferente, o que deveria ser reconhecido, que tem produzido todas as batalhas e guerras que ocorrem no mundo cristão, sob o pretexto da religião.” (John Locke)
        
          Deus é educado, como estamos careca de saber; Ele bate, e não sai invadindo. Mas mesmo assim uma das coisas que mais me chama a atenção é o fato de alguns cristãos quererem enfiar goela abaixo a sua verdade. Não estou dizendo para pararem de pregar, o que digo é que deveriam ter o respeito por quem recusa acreditar na palavra de Deus. Uma vez, na época que eu fazia o ensino médio, um amigo (metaleiro, tem aversão ao cristianismo) de turma disse: “pô Othinho, eu gosto de ti por que tu não é igual àqueles bandos de crentes chatos que praticamente te obrigam aceitar a Jesus. Bando de mala!” Olha a visão que ele tem de pessoas que tentaram levar a palavra até ele. Eu perguntei a ele o porquê dessa raiva e ele me respondeu que era por que os crentes geralmente não respeitavam a opinião dele, não aceitavam o fato dele reusar Jesus; tentavam obrigá-lo, impor a verdade do cristianismo.
            
             Agora vamos pensar e ser sinceros, a maioria dos cristão-evangélicos que conheço age dessa forma. E a conseqüência?! Cria antipatia por parte das pessoas. E acaba por fracassar no seu objetivo. O que atrapalha são os excessos. Cristãos fanáticos achando que todo mundo é a obrigação de crer em Jesus. Cristo é o melhor para as nossas vidas, para todas as vidas; porém não se pode enfiar goela abaixo Jesus e a sua cruz.



        Se assim o fizerem, ou pelo menos tentarem, com certeza Cristo e a sua cruz ficará engatada na garganta de muitas pessoas. A grande questão é que os cristãos têm dificuldades em entender as pessoas que não escolhem a Cristo. Bem aí mora a dificuldade. Mas como entender uma pessoa que não aceita o que nós acreditamos ser o melhor para ela?! (um cristão pergunta); a resposta está na pergunta: “... Nós acreditamos...”. Os cristãos acreditam em Jesus como o melhor para a vida deles e como o melhor para todo mundo. Mas se nem Jesus, o Cristo, entra sem bater, quem são vocês, ó seguidores de Cristo, para quererem forçar alguma coisa?!
             
         Tomar mais cuidado em relação à não aceitação de Cristo por parte de algumas pessoas é o que deveria ser pensado. A verdade de Jesus Cristo pode ser rejeitada sim; às vezes as pessoas não abrem a porta dos seus corações. Deve-se respeitar e não forçar. A força muitas vezes quebrará e destruirá toda possibilidade de uma pessoa aceitar a Cristo. Sejam tolerantes com os que têm opiniões diferentes.