segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O sétimo dia é uma mentalidade

Hoje iniciarei um estudo sobre o sétimo dia, o dia em que o criador descansou e tentarei trazer um entendimento acerca do significado desse descanso e por que esse dia foi abençoado e santificado por Deus.

No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara e nesse dia Ele descansou. Deus, o criador, descansa no sétimo dia. O criador aprecia toda a perfeição da sua criação, pois descansar significa deleitar. Deus pausa tudo e contempla a sua obra perfeita. Ele está dizendo para toda a sua criação: “Olha só o que eu criei, tudo isso ao seu redor foi obra minha. Hoje é o sétimo dia e estou aqui usufruindo dessa presença.”

O criador descansou no sétimo dia e isso não significa que Ele tirou uma folga para a recuperação de suas forças físicas e mentais exauridas durante o trabalho, pois Deus não se cansa como diz o profeta (Is 40:28). Mas o cessar das suas atividades foi para o gozo da alegria decorrente da conclusão de uma obra. A obra era perfeita, pois não havia pecado nem corrupção. Este é o cenário do sétimo dia: Deus repousando. Descansar ou Repousar significa “estar colocado” ou “estar estabelecido em”. Deus descansou, ou seja, Ele se colocou na criação. Sua presença agora era presente. A presença constante de Deus sobre a criação é que significa esse descanso.

O sétimo dia é especial, pois toda criação toma conhecimento da presença do seu criador. A revelação é progressiva. Todas as coisas foram sendo criadas e tomando as suas funções dentro da obra completa da criação, mas ainda não havia a plenitude. E esta chegou apenas quando o criador descansou, ou seja, quando o Pai derramou a sua presença, abençoou e santificou o sétimo dia. 

A revelação é progressiva, a cada novo dia Deus ia adicionando elementos na criação e o último elemento adicionado foi a sua presença sobre a obra no sétimo dia, por isso Deus abençoou-o e santificou-o. Este é o princípio do dia sétimo dia, a realidade da presença de Deus. Só aquilo em que o Senhor repousa é santo. Deus estava nos ensinando que é a partir da sua presença.

Existem várias passagens que encorajam os filhos de Israel a guardarem o sétimo dia.  No livro do profeta Isaías no capítulo 58 Deus está exortando sobre o verdadeiro jejum. O povo estava separando apenas um dia, humilhando-se, inclinando a cabeça como o junco e deleitando-se sobre pano de saco e terminado esse dia de separação voltava-se as práticas das mesmas maldades e impiedades de antes. Nenhuma observância religiosa tem valor para Jeová se não for apoiada por uma vida piedosa. Não bastava apenas restringir a um ato a tentativa de consagração, aproximação, reconciliação ou deleite em relação a Deus.

Deus exorta o povo a deixar de seguir o seu próprio caminho e honrar o sábado. “Caminho” refere-se às ações e ao comportamento do homem, ou seja, é um modo-de-ser. Deus está dizendo que honrar o sábado não é um rito – conjunto de cerimônias praticadas em uma religião -, mas uma mentalidade – maneira de pensar ou estado de espírito. Logo, se é uma mentalidade, não está associada a fatores externos, mas está conectada a fatores internos. O rito se limita a locais e materiais enquanto que a mentalidade se apoia a presença e a transcendência.
            
Rito significa um conjunto de cerimônias praticadas em uma religião. Ao passo que mentalidade significa maneira de pensar ou estado de espírito. Logo o rito se restringe a locais (casa, templo, galpão) e materiais (vela, pão, taça, vinho), enquanto que a mentalidade está ligada a fatores internos e independe dos limites físicos relacionados à estrutura.

Por isso Cristo diz: “Eu sou o Senhor do sábado”. Ele mostrou aos fariseus que a vida é mais importante que o preceito. O estar nele, como cita o apóstolo João no seu evangelho no capítulo quinze, o permanecer em Cristo, é o modo-de-ser que devemos seguir.

O shabbat ou o entendimento sobre o sétimo dia nada mais é que o prazer de Deus e o desfrutar de quem se achega até Ele. Quem faz disso um rito, não entendeu o Cristo e ainda vive sob o prisma de Moisés. Yeshua sabia que o shabbat fora dado ao homem para que o homem encontrasse no Shabbat (presença), a alegria, a liberdade, o refrigério da alma, a cura; e essa presença não deve ser condicionada apenas a ritos, mas ao viver do homem em todas as suas circunstâncias.

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