domingo, 18 de setembro de 2016

A morte, crentes sanguinários e ética paradoxal

Frase: Tenho 54 anos, e minha geração é das canções, da poesia na música. Na minha formação afetiva, o romantismo está gravado. (Domingos Montagner)

Na semana que passou houve um incidente que comoveu o país que foi a morte do ator Domingos Montagner. Aconteceu de uma maneira abrupta, repentina; e, talvez por isso, o choque tão grande. Toda morte é trágica, sem dúvida. Porém, quando acontece de uma maneira inesperada, através de meios que, naturalmente, não são comuns a esse tipo de acontecimento, como foi o ato de um banhar de rio, a comoção é maior.

Alguns artistas já nos deixaram assim, de maneira inesperada. E o que mais me assusta muitas vezes não é a maneira em que eles deixam essa vida. Mas o que me assusta mesmo é a interpretação dos crentes em relação à esses acontecimentos.

A vida é frágil, ela é um sopro. Todo ser humano, nasce e morre. Todo. Tanto o ímpio quanto o crente. Isso é o resumo da vida, posso dizer. Meu amigo, não ache que a morte do Domingos foi por conta de que a rede globo tem pacto com o demônio ou algo do tipo.

O que aconteceu foi uma fatalidade, neste ano apenas os meses de fevereiro e de julho não registraram nenhum caso de morte no rio São Francisco. É um rio perigoso, os oceanógrafos já diziam isso, talvez por nossa ignorância não conhecíamos sobre o assunto. E por mais ignorância ainda cristãos proliferam o discurso do castigo divino.



Antes de qualquer conclusão, baseada em uma crença religiosa ou em discursos de pessoas que detém a retórica do religioso, é preciso analisar. Eu creio sim em coisas espirituais, mas é preciso olhar com a lente adequada. Quem foi que pecou? Quem foi o culpado pela morte dele? O seu pecado? O pecado da globo?

Parece-me que os cristãos tem sede do sangue daqueles que não acreditam na obra do Cristo. Parece que ficamos (e incluo-me nessa categoria, pois também sou cristão) esperando um vacilo para esbravejar: “Eu disse! Sabia que esse pecado ia trazer consequências! Eu avisei!”.

Até quando vamos agir assim? Está na hora de crescer. Cresça eu, cresça você. Não caia nesses discursos sanguinários, porém procure agir como Jesus agiu. O tempo é chegado de revermos a nossa ética, parece que fazemos o contrário do que Cristo nos ensinou. Em vez de amar viúva e cuidar dos órfãos, esbravejamos que o seu amado esposo e pai, morreu em função de macumba.

E, como diz Salomão, é melhor ir a uma casa em luto do que ir a uma casa em festa, porque esta – a morte – é o final de todo ser humano e é nela que os que ficam tem a possibilidade de refletir. Inclusive sobre a ética cristã, que é tão frágil e paradoxal nos nossos dias.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Quem disse que clássico não é popular?

Lembro-me de uma chamada da extinta TVE, que deixou suas transmissões no de 2007. Aqui na cidade onde moro, ela ficava sintonizada no canal 2. Pois bem, a chamada era para um programa – que não lembro o nome é verdade – que tinha o objetivo de apresentar música clássica para os espectadores. A chamada tinha a seguinte interrogativa exclamativa narrada: “Quem disse que clássico não é popular?!”. Ao mesmo tempo em que passavam imagens dos clássicos regionais de futebol mais conhecidos do Brasil (Corinthians vs. Palmeiras; Flamengo vs. Vasco; Grêmio vs Internacional).

Ora, essa conexão não é magnífica? Os clássicos no futebol são realmente um diferencial. Basta ouvir as entrevistas dos jogadores antes de um clássico. Ouvirá: “Clássico é clássico!”, “O time não está em uma fase boa, mas nada como um clássico para mudar essa fase ruim”, “ah... ninguém deseja perder um clássico”, “Com certeza a pressão é maior em se tratando de um clássico”. O clássico, no futebol, mexe com os envolvidos, motiva-os, estressa-os, revela uma relação passional, instável. Se o time vai bem, torna-se adorado, se vai mal, odiado.

Vamos agora ao outro lado, vamos à música clássica. Na música, ela seria o oposto do que representa um clássico no futebol. A música clássica, poucas vezes ou quase nenhuma atinge o status de pop. A música clássica é impopular. Ela não é conforme aos desejos, aos interesses da maioria. Apesar de toda a sua beleza, de todo o seu feeling – para utilizar a linguagem dos músicos.

A música clássica parece falar pouco à maioria. E por quê? Por que ela assusta. A música clássica é tipo um livro bem largo, com mais de mil páginas. Nada convidativo. À primeira vista, assusta. Mas quem começa ler, gosta. E as mil páginas passam tão rápido como um Corinthians vs. Palmeiras bem jogado.

Propus-me a encarar esse livro de mais de mil páginas. Faz um tempo, é verdade, cobro-me em escutar música clássica. Protelei bastante, mas no exato momento em que escreve esse texto estou ouvindo... Bachianas brasileiras número 05 for voice and 8 cellos (1938 and 1945) I Ária, Cantinela do Heitor Villa-Lobos (música clássica de um brasileiro, isso mesmo! O Villa-Lobos é brasileiro. Muita gente não sabe disso. Inclusive eu não sabia).

Escrevo agora não como um especialista que sabe destrinchar toda uma sinfonia, mas escrevo agora apenas para dizer que vale muito a pena parar para escutar um clássico. E talvez se você é um especialista esteja até criticando o meu ritual de escrever e escutar. Mas é que realmente a música clássica tem mexido comigo.

Perguntava sempre por onde começar? Bach, Beethoven, Tchaikovsky? Ficava em dúvidas e por falta de interesse não dava o simples passo de começar. Não tem um por qual compositor, apenas tem um “comece”. Caso você nunca se interessou por música clássica e é brasileiro, indico-te (coloque no youtube) bachianas brasileiras No. 5. Simplesmente linda!


 Aproveite a viagem, depois dos primeiros minutos de susto, você acaba acostumando e deliciando-se em todo o sentimento que um clássico pode fazer aflorar.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A vida é um ciclo

Quanto mais se sabe, maior é a responsabilidade; quanto mais se aprende, maior é o sofrimento. (Eclesiastes 1:18)
A vida é sempre a mesma coisa. Parece que a vida é feita de ciclos, de vários ciclos. É como se fosse uma imensa roda gigante. Um vai e vem sem fim até a chegada do fim. Nada de novo. Nada de novidade. E o nada novamente.
É um tédio só. Uma mesmice sem tamanho. Nada tem sentido.
Assim é a vida. Assim enxerga a vida quem já viveu vários anos, e quem dedicou-se em buscar pelo sentido da vida. Essa é a percepção de Salomão acerca da vida.
A busca pela sabedoria, a busca pelo viver bem é revelador. Quem busca por sabedoria, consegue desvelar alguns mistérios da vida. Consegue perceber que nada tem sentido. Que o que vale a pena é a dedicação a Deus. Que viver a vida em busca de prazer, conhecimento, riquezas é como correr atrás do vento.
Descobrir isso é adquirir mais responsabilidades sobre a vida que se leva e sobre as escolhas tomadas. O peso é maior, o sofrimento é maior.
O conhecimento, a sabedoria doem, pois exigem mais responsabilidades. Como já dizia o tio Bem em homem-aranha: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Sobre dar conselhos - perspectiva cristã

Só podemos dar conselhos a alguém se temos experiência no assunto tratado?
1 - A experiência é subjetiva - relativa:
A experiência, como parte das situações vividas por alguém, é subjetiva, faz parte da história de vida de alguém, e, por mais que possa se repetir alguns padrões, ela é única e exclusiva de uma única pessoa. Logo a experiência é relativa.
2 - O conselho está sustentado na bíblia, que é objetiva - abslouta:
Dentro da perspectiva cristã, todo conselho deve estar pautado na palavra de Deus - na bíblia. Esta, por sua vez, não é subjetiva, não há como relativizá-la, ela é objetiva. Todo conselho, primeiramente passa pelo filtro da verdade de Deus.
3 - Legitimidade do aconselhar sem ter vivido a experiência do assunto tratado:
Muitas pessoas tentam invalidar o aconselhamento de uma pessoa por esta não ter a experiência em determinado assunto.
Por exemplo: se não sou casado, não posso aconselhar casais.
Este argumento dá ênfase na experiência que, como já foi dito, é relativa. Entretanto existe uma problemática em pensar assim, pois pensando dessa maneira a ênfase ou validação do conselho está na experiência vivida pelo aconselhador. Quando na verdade, ela é um complemento e não um fim em si mesma. Não é a experiência que valida o conselho.
Qual é o guia da vida de todo cristão? O guia é a palavra de Deus. Por isso o conselho é validado por esta base, que é a base de todo o pensamento, vivência, e guia de vida cristã: a bíblia.
A bíblia não é relativa, ela é absoluta.
Logo:
a) Se o aconselhador não possui experiência e nem está baseado na bíblia, o conselho não deverá ser seguido.
b) Se o aconselhador possui a experiência no assunto tratado, porém não está baseado na bíblia, o conselho não deverá ser seguido.
c) Se o aconselhador está baseado na bíblia, porém não possui experiência no assunto tratado, o conselho deverá ser seguido.
d) Se o aconselhador está baseado na bíblia e possui experiência no assunto tratado, o conselho deverá ser seguido.
4 - O que valida o conselho?

Podemos concluir que o que valida o conselho não é a experiência em si, pois esta é relativa, é subjetiva. Ela é apenas um complemento. O que valida um conselho é se o mesmo está pautado ou não na bíblia. Não é necessário eu possuir experiência com drogadição para eu aconselhar drogaditos.

domingo, 8 de maio de 2016

Receba a minha e-zine às terças-feiras!


Oi!! Tudo bem?? Meu nome é Othon Júnior, sou Psicólogo, Logoterapeuta, Analista Existencial, e Músico. Juntando a minha formação e minha experiência, compartilho a você meu novo projeto: a minha e-zine, que nada mais é que uma publicação periódica, uma mini revista, distribuída por e-mail

OBJETIVO:
Otimizar significa buscar a excelência. Como disse o mestre nazareno, o homem é um grão de mostarda. Existe uma potencialidade em você, mesmo às vezes você não acreditando. Tenho a intenção de ajudá-lo(a) nessa caminhada de othimização da sua vida com alguns conteúdos

QUAIS CONTEÚDOS?

1 - MÚSICA
Indicação de uma música para você curtir durante a semana

2 - HEBRAICOCIONAL
Microdevocional baseado no significado em hebraico de uma palavra escolhida

3 - OPINIÃO
Reflexão sobre um assunto relevante que tenha ocorrido durante a semana

QUANDO?
Uma vez por semana. Todas as terças-feiras uma nova e-zine Othimize-se estará no seu e-mail

| deixe seu e-mail nos comentários e participe desse projeto ou então basta enviar um e-mail para othimizese@gmail.com solicitando o desejo de participar da e-zine |

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Consumidores de informação ou formadores de opinião?

“Certa vez ela (uma sunamita) sugeriu ao seu marido: ‘Olha: sei que esta pessoa que sempre nos visita é um santo homem de Deus. Portanto, vamos construir para ele, no terraço, um quarto de tijolos e colocar nele uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina. Deste modo, sempre que passar por nossa casa ele poderá se hospedar nele.’” (2 Rs 4:9,10)

Temos nesse trecho algumas tipologias: uma sunamita (a igreja); um velho (liderança velha, que ficou no tempo porque não tem possibilidade de gerar uma nova geração); e Eliseu (carrega a revelação profética, ele é o espírito da revelação).

Entendido isso, entendemos no texto que a sunamita, isto é, a igreja de cristo – eu e você -, descobriu que não era suficiente ter o profeta apenas como visitante, mas sim tê-lo como morador.

O que isso nos ensina? Que é necessário perdermos o mau costume que os irmãos possuem de ficar pulando de evento em evento, pois necessitam de “um fogo novo”, de um “gás novo”.

A sunamita entendeu que não bastava apenas ter a revelação profética de Deus como visitante, de tempos em tempos. Mas agora era preciso ter a revelação como moradora de sua casa. É preciso transicionar de consumidores para produtores de alimento espiritual. Abandonar o espírito profético como visitante e fazê-lo habitante.

A igreja por muitas vezes não tem gostado de pensar, tem gostado apenas de sugar. É necessário deixar de ser reprodutor de informação e passar a ser formador de opinião.

É preciso tomar o exemplo da sunamita e construir um quarto para fazer a revelação de Deus habitante em nossa morada.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Rito Vs. Espiritualidade

Um dos assuntos quem tem mais me incomodado nos últimos dias é o fato das pessoas confundirem ou não terem entendimento sobre dois assuntos distintos que por muitas vezes se confundem.

Rito, de uma forma simplificada, é um conjunto de palavras e atos que, realizados de forma sucessiva e ou repetida, formam uma cerimônia. São atividades organizadas nas quais as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem, comportamento.

Espiritualidade é a instância ou dimensão última do ser humano. É uma realidade humana que está presente em todos os homens. É a dimensão do homem que faz com que este pergunte pelo sentido da sua vida. Pelo que vale a pena viver e pelo que vale a pena morrer.

Muitas pessoas, principalmente os que acham que detém a autonomia do divino, têm confundido rito com espiritualidade. O rito é externo ao homem, se restringe a locais, seja um templo, uma sala ou o seu quarto; ele só pode ser praticado ali, em determinado horário ou dia; e com a ajuda de materiais (velas, livros, orações programadas, amuletos). Enquanto que a espiritualidade, à medida que é intrínseca ao homem é interna, logo não está presa às limitações do rito. A espiritualidade é interna e independe dos limites físicos relacionados à estrutura.


A problemática dos dias de hoje é que as pessoas se valem do rito para dizer que possuem uma espiritualidade. O rito não exclui a espiritualidade, mas esta transcende aquele. A espiritualidade precisa ser maior que o rito, pois este é apenas parte do que eu faço, mas a espiritualidade faz parte de quem eu sou.