quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Velha bandeira da vida

                 Ah, o amor! A maior de todas as conquistas de um ser, há quem diga. Mas não, não vou falar sobre o que a maioria dos poetas fala. Não falarei de um amor platônico, de um amor tão esperado, do amor no sentido de gostar muito. Vou apresentar uma perspectiva interessante que percebi em uma letra do Lulu Santos, a letra da música “A cura” é muito interessante. Vamos conhecê-la:

Existirá / Em todo porto tremulará / a velha bandeira da vida
Acenderá / Todo farol iluminará / uma ponte de esperança
E se virá / Será quando menos se esperar / da onde ninguém imagina
Demolirá / Toda certeza vã / Não sobrará / Pedra sobre pedra
Enquanto isso / não nos custa insistir / na questão do desejo / não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção / na qual se crê / que o inferno é aqui
Existirá / E toda  raça então experimentará / Para todo mal / A cura

           Repare bem no título e na letra. Depois de ler essa letra várias vezes eu fiquei me perguntando qual seria essa cura. Cura que fará a velha bandeira da vida tremular; que iluminará com uma ponta de esperança; cura que, se vier, será quando menos se esperar; não sobrará pedra sobre pedra; cura que, se existirá, toda raça humana experimentará a cura para todo mal. Que cura seria essa?

                Percebi que o poeta fala do amor.  O amor traz uma ponta de esperança; o amor vem quando menos se espera e, às vezes, da onde ninguém imagina; o amor desconstrói muitos conceitos e nenhuma pedra fica sobre pedra; o amor cura todo mal, de toda uma raça. O amor é o que precisamos para combater toda dor que os humanos enfrentam, e isso da maneira mais abrangente que você puder imaginar, desde o relacionamento interpessoal ao relacionamento entre nações. Lulu Santos ao escrever “A cura” foi muito profundo. Ele soube receitar um antídoto para o mal de toda raça humana. Talvez a noção que ele tenha do amor como curador de males não seja tão profunda quanto a que os cristãos conhecem, mas ele sabe que os homens precisam de uma cura, e que ela é o amor.

                Parafraseando agora uma letra da banda Oficina G3, (Mas) se todos vivessem o amor como Deus o criou? O amor que não guarda rancor, que tudo espera e suporta a dor? Se não houver amor não vale a pena viver, o verdadeiro amor só vive quem anda com Deus. Ah, o amor; o amor como Deus o criou! Esse sim é a cura para todo o mal. Ah se todos vivessem esse amor?! Com certeza a raça estaria em processo de cura e não de destruição, de individualização, de inversão de valores.
                    Porém existe uma esperança! E como diriam os nossos amigos da banda Palavrantiga: "nunca é tarde demais, não!". Nunca é tarde demais pra descobrir o amor que vai além dos  versos feitos por poetas. O amor que nos faz um. É o amor que cura. O amor que se revela a nós como uma bandeira,  como a velha bandeira da vida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Continuar como faziam há tanto tempo?

Zc 7: 1-5

  No versículo três, na parte “b”, os representantes do povo de Betel perguntaram aos sacerdotes do templo do Senhor: “Devemos lamentar e jejuar no quinto mês, como já estamos fazendo há tantos anos?”. Então o Senhor dos exércitos falou: “Pergunte a todo povo e aos sacerdotes: Quando vocês jejuaram no quinto e no sétimo meses durante os últimos setenta anos, foi de fato pra mim que jejuaram?” (Zc 7: 5).
                Quando li este capítulo de Zacarias a primeira coisa que me chamou a atenção foi a pergunta dos representantes do povo de Betel, Sarezer e Regém-Meleque com seus homens, se era para o povo continuar clamando e orando como faziam há tantos anos. E a fala do Senhor foi mais interessante ainda; Ele responde perguntando “foi de fato para mim que jejuaram?”.
                Essa pequena passagem só ilustra como perdemos o foco principal da busca ao Senhor e a transformamos em mera formalidade. Com o passar do tempo as nossas orações, consagrações, jejuns, votos tornam-se tão repetitivos que muitas vezes esquecemos-nos de expressar a nossa sinceridade. A forma, o modelo se torna tão presente na nossa busca ao Senhor que muitas vezes nem percebemos, mas acabamos por buscar tudo, menos Deus. Como citado no texto, há setenta anos o povo jejuava e clamava, pensando fazer isso para o Senhor; mas que na verdade eles faziam por mera formalidade, por puro ato de religiosidade. Perderam o foco com o passar do tempo, se basearam apenas em um modelo, em uma forma. Que já se tornara vazia, sem valor algum para o Senhor.
                Um dos meus maiores medos é o de me tornar tão religioso a ponto de transformar a minha busca por Deus em uma mera formalidade. Sou tão religioso quanto qualquer um, mas no que diz respeito à busca por Deus eu tomo bastante cuidado para não cair em uma forma, em um modelo que só esse é que me leva/levará pra perto do Pai. Conheço pessoas que só adoram a Deus com canções de um determinado cantor, de um determinado grupo - pois este é a trilha sonora da vida dele -, que só ora de joelhos, que só jejua às sextas-feiras, etc. Às vezes, tomamos essas atitudes até inconscientemente, pois algumas delas foram respondidas em determinadas situações e acabamos por associar a resposta de Deus àquele modelo.
                O que importa é a sinceridade, a adoração verdadeira; não importa quanto tempo a gente já orou ou quanto tempo a gente passa orando, se essa oração é religiosa. Esse foi o erro do povo betelino, clamavam todo quinto e sétimo meses há setenta anos; mas se esqueceram de “algo”. Do “algo” mais importante! O povo tornou aquele hábito, que seria uma forma de chegar perto do Senhor, em uma formalidade. Com o passar do tempo se esqueceram que jejuavam ao Senhor. Muitas vezes nós fazemos o mesmo. Enquadramo-nos em um modelo, e, muitas vezes, dizemos apenas palavras vazias.
                Será se a forma que você está buscando a Deus não está caminhando pra uma mera formalidade?  Pense nisso.

sábado, 14 de janeiro de 2012

É senão uma gota


               Tinha acabado de assistir Dr. House, minha série preferida; mudei a função do televisor para de AV para TV. Zapeando-a, parei na MTV, em um show de uma banda de rock que eu não conheço; a arena, o local do show estava lotado, umas oitenta, cem mil pessoas. Olhei a multidão vibrando muito com a apresentação da banda, dei uma sacada no som – que não me agradou, e lembrei-me de um sonho de menino.
                Logo que comecei freqüentar a igreja evangélica aprendi a tocar; e a maioria dos músicos sonha em tocar, se apresentar para um grande público. Quem é músico, sabe do que estou falando. Os motivos são vários: talvez pelo reconhecimento, pelos holofotes, para levar a palavra de Deus às multidões. O motivo não é relevante agora, o que importa é o sonho em si. Todo músico sonha em mostrar  sua arte para multidões. Quando parei ali, em frente ao televisor, veio-me esse sonho e logo em seguida, à minha memória, uma frase que escutara a menos de uma semana atrás: “Não adianta nada ministrar para uma multidão e não ter a unção. Muitos são os que se apresentam a grandes públicos, mas não têm Deus. E, vocês, têm Deus. Não percam isso. Essa é a diferença.”. Essa frase foi dita por um pastor e ele se referiu ao ministério que eu faço parte. E essa frase me lembrou uma citação da Madre Teresa de Calcutá “O que eu faço, é senão uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.”


                Grandes públicos para quê se o que vai marcar é o agir de Deus, e o agir dEle não está relacionado de forma alguma ao número de pessoas. O meu sonho de menino não importa! Se for para Deus estar ao meu lado em cada ministração, o número de pessoas é irrelevante. Se for para eu ministrar em um evento com milhares de pessoas em detrimento do agir de Deus, estou fora. Eu nunca quero ministrar se Deus não agir. Cada dia que passa fico mais convencido de que caminho com um ministério que ficará às margens dos holofotes. E que assim o seja!  Mesmo que em cada ministração, que em cada mover Deus marque apenas uma pessoa; mas se essa pessoa for verdadeiramente transformada, terá valido a pena. E, mesmo que pareça que eu esteja fazendo apenas uma gota, o oceano será menor sem ela.