sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Trecho da Si


Sentado no carro, parado, à beira-mar, eu penso em como a vida tem seus paradoxos. Uma maneira de medir qualitativamente é adotada e, mesmo tirando a nota máxima, se é reprovado. Quem si ajuda com o google é aprovado, quem decora é aprovado, e quem aprende?! E quem absorve alguma coisa?! Corre-se o risco de ser reprovado. Mas...é assim mesmo! O mundo é dos espertos já dizia uma moça linda e encantadora. Quem sabe "se fazer" é quem burla; é quem toma vantagem; é quem consegue amizades. É assim mesmo?! Não!! Escrevo para que não! Para que o bonitinho não consiga a vaga; para que o mentiroso não tenha crédito; para que o amigo não seja passado às escondidas; para que quem falta, falte mesmo; para que o canguru não fique; para que a senhora não se atrase; para que a leveza não seja bajulada; para que quem questiona, seja ouvido; para que quem leciona seja dado o direito à flexibilidade; para que o cavalinho-marinho tenha direitos; para que o mestre não seja o absoluto; para que quem cedo madruga não fique até tarde; para que o falador não se atrapalhe com suas palavras; para que o historiador não seja dominador; para que o fator X não seja uma icógnita; para que a comédia não seja censurada; para que o pseudônimo não vá à justiça; para que a primogênita não seja pior que a segunda; e para que a cantiga não fique de final.

sábado, 18 de agosto de 2012

Será revelado o teu caminho?


“O Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua aliança” (Salmos 25:14)
                Chegar perto de Deus. Esse é um dos caminhos que todo cristão deveria seguir. Conhecê-Lo; estar próximo dele. Tê-Lo como um Pai e não como um velhinho barbudo e castigador.  A nossa busca diária com Deus deve existir. Intimidade é tudo que ele deseja. Aba quer ser nosso amigo e contar os Seus segredos para aqueles que o conhecem.
                Os segredos de Deus são as condições a respeito do nosso caminhar com ele. Assim como diz no versículo quatorze do capítulo vinte e cinco do livro de Salmos, “O Senhor Deus é amigo daqueles que o temem e lhes ensina as condições da aliança que fez com eles”. Deus ama a todos da mesma maneira, mas confia apenas naqueles que estão perto dele. Aba quer nos confiar os segredos dele, mas para isso temos que reconhecer a Sua santidade, conhecê-Lo e compreender como realmente ele é. E só assim, parafraseando o versículo cinco do capítulo dois do livro de Provérbios, é que nós entenderemos o que é temer o Senhor e acharemos o conhecimento de Deus.
Temer a Deus traz o seu grande amor. Assim como está escrito no Salmo Davídico, “Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem”. O temor do Senhor também é, como diz Salomão em Provérbios quatorze versículo vinte e sete, fonte de vida. Temer é estar vivo nele. Temer é seguir a sua palavra, caminhar de acordo com a vontade de Aba. O temor traz ainda a salvação e com ela, a glória habitará na terra.
A glória habita na terra por meio da salvação dos que o temem. Os que o temem e que confiam no Senhor de todo o coração acharão o conhecimento de Deus e não se apoiarão no seu próprio entendimento, mas reconhecerão o Senhor em todos os seus caminhos e ele orientará as suas veredas. Aba nos ensinará as condições da aliança que fez com cada um de nós.
Condições já escritas, antes mesmo de nós sabermos. Mas que só e só saberemos se nos achegarmos a Deus. Moisés passara quarenta dias e quarenta noites no monte; ele foi até o Senhor para receber as tábuas de pedra com a lei. Acompanhe em Êxodo 24:12, “ Suba o monte, venha até mim, e fique aqui; e lhe darei as tábuas de pedra com a lei e os mandamentos que escrevi para a instrução do povo”. Lei aqui tem o sentido de regular; de guiar; de nortear o povo a um caminho a ser seguido para estar em aliança com Deus. Note no versículo que Deus já havia escrito a lei antes de Moisés conhecê-la. Deus já tinha um norte para o povo de Israel antes de o mesmo se tornar conhecedor da lei. Isso me fascina!

Para cada um Deus já tem um norte estabelecido antes do mesmo se tornar conhecido. Aba quer nos confiar as condições da sua aliança, quer nos contar os seus segredos, quer orientar o nosso caminho estreito. A cada um cabe o querer de ser sabedor do norte, desse caminho que Deus estabeleceu antes mesmo da fundação do mundo. Esse querer-ser-sabedor implica em temer a Deus, envolve estar perto dele.  Subir o monte e ficar próximo, ouvi-lo.
Assim sendo, Aba só contará as condições da aliança, ou seja, o caminho a ser seguido, para aqueles que o temem e que o buscam. “Venha até mim e fique aqui; e lhe darei as tábuas da lei” (Ex 24:12), essa é a condição para que Deus nos conte os segredos da aliança Dele para com a gente.

domingo, 24 de junho de 2012

Ser-um-vaso


              No livro de Êxodo 33:7 Moisés, para buscar o Senhor costumava montar uma tenda fora do arraial, bem longe do arraial. Vamos acompanhar esse versículo: “Moisés costumava montar uma tenda do lado de fora do acampamento; ele a chamava de Tenda do Encontro. Quem quisesse consultar o Senhor ia à tenda, fora do acampamento.”
            Na continuação do texto vemos que, quando Moisés ia à Tenda fora do acampamento, o Senhor falava com Moisés como quem fala com seu amigo. Moisés saía do arraial, ele deixava no arraial as situações do cotidiano, do seu dia-a-dia. Para consultar o Senhor e para Deus falar com ele como quem fala com seu amigo Moisés deixava de lado as preocupações da vida. Como um vaso, procurava se esvaziar, para só assim o Senhor falar com ele.
            Precisamos entender o real sentido de ser-um-vaso. Moisés entendeu esse significado e conseguiu falar com o Senhor face a face. Mas o que é ser-um-vaso? Qual é a essência em ser-um-vaso?
            Pensemos agora em um vaso, a sua base, as suas paredes e o vazio central; imaginou?! Agora vamos analisar: qual seria a serventia de um vaso se o mesmo não tivesse esse vácuo no centro de sua forma? Você já pensou nisso? Serviria para nada, você concorda comigo? Talvez apenas para ser um peso e segurar alguma porta e não deixar a mesma bater. Pois bem, a essência do vaso está no seu vazio e, a partir desse vazio, ter-se a possibilidade de enchê-lo. O vaso só pode vir a se encher porque antes de tudo ele é vazio. Preliminarmente, é o vazio que faz o vaso. O vaso não tem sentido se não tiver essa característica do vazio e essa possibilidade de encher-se. O buraco central do vaso além de representar o vazio nos traz um sentido de abertura à alguma coisa. Vazio e plenitude. Isso é ser-um-vaso.
            Nós precisamos sair do arraial, deixar nossas preocupações diárias de lado para que o Senhor fale conosco. Parar com o nosso ativismo; esvaziar-nos. Somos vasos que para que o Senhor encha-nos dEle precisamos esvaziar-nos de nós mesmos. Lembre-se que ser-um-vaso é ser-vazio e possuir uma abertura; mas que essa abertura seja uma que nos leve para mais perto de Deus. É só estando vazio que Deus pode nos encher. Saia do seu arraial e entre na Tenda do Encontro; largue as contingências do cotidiano, se esvazie das mesmas e seja um vazio com uma abertura a Deus.      

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tenho que ter um chão


           A psicologia é uma ciência bastante ampla, possui várias áreas teóricas assim como também várias áreas de atuações. É sabido que para atuar em qualquer área que seja é preciso ter uma fundamentação teórica sólida.
            Como todo aluno de graduação de psicologia, ao escutar o anúncio da professora de que a turma visitaria uma clínica de saúde mental fiquei curioso, pois teria a oportunidade de olhar na prática a atuação de um psicólogo; além de conhecer as políticas de uma instituição que trabalha nessa área; e também ter a chance de observar a discrepância entre teoria acadêmica e prática. No primeiro dia, um discurso longo e cansativo, porém não menos importante, sobre um pouco do funcionamento da clínica; falou-se desde o procedimento da admissão de pacientes até a liberação dos mesmos. Após esse discurso partiu-se para a parte em que um dos psicólogos da clínica apresentaria a sua contribuição dentro do funcionamento da instituição. O segundo dia começou com os estudantes assistindo a um grupo onde os pacientes são ouvidos pela equipe técnica da clínica; no outro momento discutiu-se com o psicólogo a eficiência dessa política enquanto diminuição do sofrimento dos pacientes da clínica. E no último dia, houve um contato mais demorado com alguns pacientes e a oportunidade de conhecer a história de alguns deles; logo após, uma conversa com o psicólogo sobre as nossas impressões dessas três manhãs de visitas na clínica.
Num primeiro momento é difícil ver um número assustador de pacientes e não se perguntar como é que eu, enquanto psicólogo, poderia intervir nesse local.  Essa foi a dúvida que eu carreguei durante o período de visita.



            Chão é tudo aquilo que me sustenta, não necessariamente – ou tão somente – o chão de terra ou de pedra. Jesus Cristo, a família, a música, a psicologia são o meu chão. Pois bem, como já dizia o poeta chão é tudo aquilo que me sustenta, e dentro da psicologia cada profissional tem – ou pelo menos deveria ter - um chão por onde andar; ter uma fundamentação teórica sólida. Tenho que ter um chão. Esse foi o resumo da minha experiência nos dias de visita à clínica. Dentre tantas coisas que eu pude e que observei, a que mais me chamou a atenção foi a diferença de possibilidades de atuação (no sentido mais amplo da palavra) entre um profissional que tem uma base sólida e outro que não tem uma fundamentação teórica firme. Já é de se saber que para fazer um trabalho bem feito tem que estudar e estudar bastante.  Porém os acadêmicos estudam apenas para tirar uma boa nota, para passar na cadeira; muitas vezes esquecem o real sentido da coisa. Estudar, não só para passar, mas também para ter um chão firme onde, só assim, será possível realizar um trabalho consistente. Conhecer a prática de um profissional que tem uma base sólida é apaixonante! Ver como é possível fazer aquilo que você se dispôs lá no início do curso. Ter uma fundamentação teórica sólida é essencial e isso reflete diretamente na atuação do profissional. E foi esse o observado, a competência de um colega, que tem uma base teórica sólida, como iluminação, como exemplo para quem ainda está na metade da graduação, porém no começo de uma vida junto à psicologia.
            Construir esse chão não é fácil, é desafiador! Por isso a incompetência bate à porta. Mas é justamente o que eu propus fazer, enquanto psicólogo, é que me motiva a ter algo que me sustente, que me sirva de apoio. Citando Viktor Frankl: “Isso quer dizer que ser humano significa dirigir-se além de si mesmo, para algo diferente de si mesmo, para alguma coisa ou alguém. Em outras palavras, o interesse preponderante do ser humano não é por quaisquer condições internas dele próprio, sejam elas prazer ou equilíbrio interior, mas ele é orientado para o mundo lá fora, e neste mundo procura um sentido que pudesse realizar ou uma pessoa que pudesse amar. E, com base em sua autocompreensão ontológica pré-reflexiva, tem conhecimento de que ele se autorrealiza precisamente à medida que se esquece de si próprio; e ele se esquece de si próprio novamente à mesma medida que se entrega a uma causa à qual serve, ou a uma pessoa que ama.”
              E é nessa tarefa de ajudar o outro é que eu me realizo. Mas só posso ajudar o outro de forma relevante se eu tiver um chão.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Indulgências e Bençãos

            No século XVI um grande escândalo provocou uma revolta dentro da igreja cristã. Essa revolta ficou conhecida como Reforma; e foi encabeçada por Martinho Lutero que estava insatisfeito com a forma de a igreja conduzir algumas questões. O ponto-chave que fez eclodir a Reforma foi a venda das indulgências. Nos dias atuais a igreja brasileira tem vendido, o que eu chamo de “novas indulgências”. Será que teremos uma nova reforma?
             Todos sabem que a igreja, a partir do momento em que fora incorporada ao império romano no séc. III por Constantino, tornou-se ao longo dos séculos uma instituição muito poderosa. E é válido lembrar: o poder em detrimento da pureza doutrinária e do objetivo real da igreja. Em meados do século XVI a igreja tinha influência sobre todas as áreas possíveis da sociedade da época, desde a educação até a política. Porém esse poder foi conseguido pela corrupção das autoridades religiosas da época. A decadência moral foi se instalando devido a queda do império romano que trouxe a descentralização do poder e a consolidação do feudalismo, onde justamente a influência dos senhores feudais trouxe a decadência moral do clero.
Com o clero corrompido vieram os excessos em relação às doutrinas cristãs da época. Um desses excessos foi a venda de indulgências. Indulgência é o livramento da conseqüência de um pecado, este já perdoado. João Tetzel foi um famoso vendedor de indulgências, ele dizia que, se alguém comprasse uma indulgência para um parente falecido “no momento em que a moeda tocasse no fundo do cofre, a alma saltava do inferno e ia direto para o céu”. O motivo pelo qual as pessoas compravam essas indulgências era que elas queriam se livrar do sofrimento, queriam livrar-se do mal causado pelo desvio de sua conduta. O excesso era tão grande que as pessoas “livravam o sofrimento” até de parentes que já haviam morrido; compravam as indulgências e o morto ia direto do inferno ao céu com apenas um pulo.



E cá estamos, no começo do século XXI, uns quinhentos anos pós-reforma. Vivemos em uma sociedade capitalista, onde o individualismo tem ganhado força; sociedade que valoriza o ter em detrimento do ser. Onde a realidade da igreja, que nasceu da reforma, é preocupante, pois a igreja agora é conhecida, famosa, é amiga dos grandes sistemas que controlam o mundo; é uma igreja que também, muitas vezes tem valorizado o ter. Esse tem sido o discurso: “Venha para minha igreja que Deus te dará!”. A igreja reformada que nasceu no século XVI se corrompeu. As indulgências dos dias atuais são as bênçãos de Deus, o quanto você pode pagar será o quanto que Deus vai te abençoar. Você quer um carro, plante um carro – assim é o discurso – ou oferte uma casa para ter uma casa maior.



Do mesmo jeito que ocorrera no século XVI: com a igreja corrompida vieram os excessos. O excesso de hoje é a troca da benção pela “oferta”. Na verdade não é uma oferta, é uma compra. Eu pago, logo quero a mercadoria; seja um emprego, uma casa, um prato de comida, um carro, seja a cura de uma doença. Repare que essa troca é sempre em busca do livrar o sofrimento, assim como o povo do século XVI, comprando as indulgências faziam. O sofrimento que está escancarado nos dias de hoje é o sofrimento do não ter. Se eu não tenho uma casa, um emprego, um carro eu sou uma pessoa mal vista pela sociedade devido o sistema de valores que se estabelece nos dias atuais, sistema que valoriza o ter em detrimento do ser. Logo a igreja percebe isso e com um desvio doutrinário gritante ela oferece aquilo que a sociedade deseja. A igreja oferece o ter.
A igreja corrompida e a sua busca pelo poder, e o povo e a sua busca por fugir do sofrimento. Até quando a igreja insistirá nisso? Até quando o povo insistirá nisso?! Até o dia em que a igreja despertar e ver que não é pelo tamanho do seu poder, e sim pelo tamanho do poder de Jesus Cristo que ela se tornará vitoriosa. E até o dia em que o povo perceber que não adianta fugir do sofrimento, este é parte integrante da existência humana e o homem tem de aceitá-lo, tem de dar uma nova visão a ele, e aí sim partir para uma caminhada verdadeira com Cristo. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sejam tolerantes com os que têm opiniões diferentes


           Apocalipse 3:20 “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”

“Não é a diversidade de opiniões, algo que não pode ser evitado, mas a recusa da tolerância com os que são de opinião diferente, o que deveria ser reconhecido, que tem produzido todas as batalhas e guerras que ocorrem no mundo cristão, sob o pretexto da religião.” (John Locke)
        
          Deus é educado, como estamos careca de saber; Ele bate, e não sai invadindo. Mas mesmo assim uma das coisas que mais me chama a atenção é o fato de alguns cristãos quererem enfiar goela abaixo a sua verdade. Não estou dizendo para pararem de pregar, o que digo é que deveriam ter o respeito por quem recusa acreditar na palavra de Deus. Uma vez, na época que eu fazia o ensino médio, um amigo (metaleiro, tem aversão ao cristianismo) de turma disse: “pô Othinho, eu gosto de ti por que tu não é igual àqueles bandos de crentes chatos que praticamente te obrigam aceitar a Jesus. Bando de mala!” Olha a visão que ele tem de pessoas que tentaram levar a palavra até ele. Eu perguntei a ele o porquê dessa raiva e ele me respondeu que era por que os crentes geralmente não respeitavam a opinião dele, não aceitavam o fato dele reusar Jesus; tentavam obrigá-lo, impor a verdade do cristianismo.
            
             Agora vamos pensar e ser sinceros, a maioria dos cristão-evangélicos que conheço age dessa forma. E a conseqüência?! Cria antipatia por parte das pessoas. E acaba por fracassar no seu objetivo. O que atrapalha são os excessos. Cristãos fanáticos achando que todo mundo é a obrigação de crer em Jesus. Cristo é o melhor para as nossas vidas, para todas as vidas; porém não se pode enfiar goela abaixo Jesus e a sua cruz.



        Se assim o fizerem, ou pelo menos tentarem, com certeza Cristo e a sua cruz ficará engatada na garganta de muitas pessoas. A grande questão é que os cristãos têm dificuldades em entender as pessoas que não escolhem a Cristo. Bem aí mora a dificuldade. Mas como entender uma pessoa que não aceita o que nós acreditamos ser o melhor para ela?! (um cristão pergunta); a resposta está na pergunta: “... Nós acreditamos...”. Os cristãos acreditam em Jesus como o melhor para a vida deles e como o melhor para todo mundo. Mas se nem Jesus, o Cristo, entra sem bater, quem são vocês, ó seguidores de Cristo, para quererem forçar alguma coisa?!
             
         Tomar mais cuidado em relação à não aceitação de Cristo por parte de algumas pessoas é o que deveria ser pensado. A verdade de Jesus Cristo pode ser rejeitada sim; às vezes as pessoas não abrem a porta dos seus corações. Deve-se respeitar e não forçar. A força muitas vezes quebrará e destruirá toda possibilidade de uma pessoa aceitar a Cristo. Sejam tolerantes com os que têm opiniões diferentes.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O homem criou Deus

“O homem, em seu orgulho, criou Deus, a sua imagem e semelhança.” (Nietzsche)

Como assim o homem criou Deus? Que papo é esse?

Apesar de muitos filósofos, antropólogos, pensadores defenderem a tese de que realmente fora o homem quem criou Deus por não poder explicar certos fenômenos pela simples falta de conhecimento científico, não vou aqui defender essa tese propriamente dita. Percebi que o homem de hoje cria sim um deus, cria um deus para as suas próprias necessidades.
 Não vou discorrer sobre o deus que Nietzsche alvejou em suas obras, o deus de Nietzsche era o deus da moral. Nem tenho conhecimento suficiente para defender ou criticar o deus de Nietzsche, mas apenas tomarei como base essa citação dele para fundamentar uma visão que tenho da realidade atual do mundo cristão. Realidade que vem tornando a igreja doente, realidade que dá à igreja uma visão errada de Deus. Não o deus da moral de Nietzsche, mas o Eu Sou, o Deus abraâmico.
Segundo alguns estudiosos o homem cria deus pela necessidade de explicar algum fenômeno “inexplicável”, ou o homem cria deus para funcionar como bote expiatório de seus erros e responsabilidades. A frase de Nietzsche se encaixa na realidade da igreja de hoje no sentido de que o homem criou deus para as suas necessidades. Vamos analisar a realidade do homem de hoje e o que ele busca. O homem de hoje busca, utilizando o exemplo da velha pirâmide de Maslow, a auto-realização, a auto-estima, as necessidades sociais. Repare bem nos “auto” e não nos “alto”. O homem de hoje procura muito se encher das coisas que ele olha como as “certas”. O homem não busca esvaziar-se de si mesmo, mas sim encher-se de si e a si mesmo. Hoje o homem procura prosperidade, procura o carro do ano, a casa própria, procura ser um milionário; e isso dentro da realidade da igreja cristã.  Partindo desse pressuposto o deus que é pregado e apresentado às pessoas hoje se encaixa perfeitamente nessa realidade. Um deus que dá a prosperidade, a cura, um deus que te fará vencedor, que te dará a vitória. Esse deus se encaixa como uma luva nas necessidades que o homem busca hoje. Hoje, o crente abençoado é aquele que tem um, dois, três carros; é aquele que recebe a cura; é aquele que é vitorioso.
A igreja atual criou um deus a sua imagem e semelhança. O homem busca por bens, por cura, por vitória; logo cria um deus que dá isso a ele. Cria um deus que te dará um carro, uma casa, uma vida próspera. Deus te dá, mesmo não sendo a vontade Dele.  O que as igrejas têm pregado hoje em dia é isso aí. Estou cansado de ver na TV, nas portas das igrejas campanhas, correntes, simpatias, para se obter o tão sonhando bem material, a tão sonhada vitória.  Em vez de o homem buscar o evangelho de Jesus ele tem buscado um deus à sua imagem e semelhança. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Velha bandeira da vida

                 Ah, o amor! A maior de todas as conquistas de um ser, há quem diga. Mas não, não vou falar sobre o que a maioria dos poetas fala. Não falarei de um amor platônico, de um amor tão esperado, do amor no sentido de gostar muito. Vou apresentar uma perspectiva interessante que percebi em uma letra do Lulu Santos, a letra da música “A cura” é muito interessante. Vamos conhecê-la:

Existirá / Em todo porto tremulará / a velha bandeira da vida
Acenderá / Todo farol iluminará / uma ponte de esperança
E se virá / Será quando menos se esperar / da onde ninguém imagina
Demolirá / Toda certeza vã / Não sobrará / Pedra sobre pedra
Enquanto isso / não nos custa insistir / na questão do desejo / não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção / na qual se crê / que o inferno é aqui
Existirá / E toda  raça então experimentará / Para todo mal / A cura

           Repare bem no título e na letra. Depois de ler essa letra várias vezes eu fiquei me perguntando qual seria essa cura. Cura que fará a velha bandeira da vida tremular; que iluminará com uma ponta de esperança; cura que, se vier, será quando menos se esperar; não sobrará pedra sobre pedra; cura que, se existirá, toda raça humana experimentará a cura para todo mal. Que cura seria essa?

                Percebi que o poeta fala do amor.  O amor traz uma ponta de esperança; o amor vem quando menos se espera e, às vezes, da onde ninguém imagina; o amor desconstrói muitos conceitos e nenhuma pedra fica sobre pedra; o amor cura todo mal, de toda uma raça. O amor é o que precisamos para combater toda dor que os humanos enfrentam, e isso da maneira mais abrangente que você puder imaginar, desde o relacionamento interpessoal ao relacionamento entre nações. Lulu Santos ao escrever “A cura” foi muito profundo. Ele soube receitar um antídoto para o mal de toda raça humana. Talvez a noção que ele tenha do amor como curador de males não seja tão profunda quanto a que os cristãos conhecem, mas ele sabe que os homens precisam de uma cura, e que ela é o amor.

                Parafraseando agora uma letra da banda Oficina G3, (Mas) se todos vivessem o amor como Deus o criou? O amor que não guarda rancor, que tudo espera e suporta a dor? Se não houver amor não vale a pena viver, o verdadeiro amor só vive quem anda com Deus. Ah, o amor; o amor como Deus o criou! Esse sim é a cura para todo o mal. Ah se todos vivessem esse amor?! Com certeza a raça estaria em processo de cura e não de destruição, de individualização, de inversão de valores.
                    Porém existe uma esperança! E como diriam os nossos amigos da banda Palavrantiga: "nunca é tarde demais, não!". Nunca é tarde demais pra descobrir o amor que vai além dos  versos feitos por poetas. O amor que nos faz um. É o amor que cura. O amor que se revela a nós como uma bandeira,  como a velha bandeira da vida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Continuar como faziam há tanto tempo?

Zc 7: 1-5

  No versículo três, na parte “b”, os representantes do povo de Betel perguntaram aos sacerdotes do templo do Senhor: “Devemos lamentar e jejuar no quinto mês, como já estamos fazendo há tantos anos?”. Então o Senhor dos exércitos falou: “Pergunte a todo povo e aos sacerdotes: Quando vocês jejuaram no quinto e no sétimo meses durante os últimos setenta anos, foi de fato pra mim que jejuaram?” (Zc 7: 5).
                Quando li este capítulo de Zacarias a primeira coisa que me chamou a atenção foi a pergunta dos representantes do povo de Betel, Sarezer e Regém-Meleque com seus homens, se era para o povo continuar clamando e orando como faziam há tantos anos. E a fala do Senhor foi mais interessante ainda; Ele responde perguntando “foi de fato para mim que jejuaram?”.
                Essa pequena passagem só ilustra como perdemos o foco principal da busca ao Senhor e a transformamos em mera formalidade. Com o passar do tempo as nossas orações, consagrações, jejuns, votos tornam-se tão repetitivos que muitas vezes esquecemos-nos de expressar a nossa sinceridade. A forma, o modelo se torna tão presente na nossa busca ao Senhor que muitas vezes nem percebemos, mas acabamos por buscar tudo, menos Deus. Como citado no texto, há setenta anos o povo jejuava e clamava, pensando fazer isso para o Senhor; mas que na verdade eles faziam por mera formalidade, por puro ato de religiosidade. Perderam o foco com o passar do tempo, se basearam apenas em um modelo, em uma forma. Que já se tornara vazia, sem valor algum para o Senhor.
                Um dos meus maiores medos é o de me tornar tão religioso a ponto de transformar a minha busca por Deus em uma mera formalidade. Sou tão religioso quanto qualquer um, mas no que diz respeito à busca por Deus eu tomo bastante cuidado para não cair em uma forma, em um modelo que só esse é que me leva/levará pra perto do Pai. Conheço pessoas que só adoram a Deus com canções de um determinado cantor, de um determinado grupo - pois este é a trilha sonora da vida dele -, que só ora de joelhos, que só jejua às sextas-feiras, etc. Às vezes, tomamos essas atitudes até inconscientemente, pois algumas delas foram respondidas em determinadas situações e acabamos por associar a resposta de Deus àquele modelo.
                O que importa é a sinceridade, a adoração verdadeira; não importa quanto tempo a gente já orou ou quanto tempo a gente passa orando, se essa oração é religiosa. Esse foi o erro do povo betelino, clamavam todo quinto e sétimo meses há setenta anos; mas se esqueceram de “algo”. Do “algo” mais importante! O povo tornou aquele hábito, que seria uma forma de chegar perto do Senhor, em uma formalidade. Com o passar do tempo se esqueceram que jejuavam ao Senhor. Muitas vezes nós fazemos o mesmo. Enquadramo-nos em um modelo, e, muitas vezes, dizemos apenas palavras vazias.
                Será se a forma que você está buscando a Deus não está caminhando pra uma mera formalidade?  Pense nisso.

sábado, 14 de janeiro de 2012

É senão uma gota


               Tinha acabado de assistir Dr. House, minha série preferida; mudei a função do televisor para de AV para TV. Zapeando-a, parei na MTV, em um show de uma banda de rock que eu não conheço; a arena, o local do show estava lotado, umas oitenta, cem mil pessoas. Olhei a multidão vibrando muito com a apresentação da banda, dei uma sacada no som – que não me agradou, e lembrei-me de um sonho de menino.
                Logo que comecei freqüentar a igreja evangélica aprendi a tocar; e a maioria dos músicos sonha em tocar, se apresentar para um grande público. Quem é músico, sabe do que estou falando. Os motivos são vários: talvez pelo reconhecimento, pelos holofotes, para levar a palavra de Deus às multidões. O motivo não é relevante agora, o que importa é o sonho em si. Todo músico sonha em mostrar  sua arte para multidões. Quando parei ali, em frente ao televisor, veio-me esse sonho e logo em seguida, à minha memória, uma frase que escutara a menos de uma semana atrás: “Não adianta nada ministrar para uma multidão e não ter a unção. Muitos são os que se apresentam a grandes públicos, mas não têm Deus. E, vocês, têm Deus. Não percam isso. Essa é a diferença.”. Essa frase foi dita por um pastor e ele se referiu ao ministério que eu faço parte. E essa frase me lembrou uma citação da Madre Teresa de Calcutá “O que eu faço, é senão uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.”


                Grandes públicos para quê se o que vai marcar é o agir de Deus, e o agir dEle não está relacionado de forma alguma ao número de pessoas. O meu sonho de menino não importa! Se for para Deus estar ao meu lado em cada ministração, o número de pessoas é irrelevante. Se for para eu ministrar em um evento com milhares de pessoas em detrimento do agir de Deus, estou fora. Eu nunca quero ministrar se Deus não agir. Cada dia que passa fico mais convencido de que caminho com um ministério que ficará às margens dos holofotes. E que assim o seja!  Mesmo que em cada ministração, que em cada mover Deus marque apenas uma pessoa; mas se essa pessoa for verdadeiramente transformada, terá valido a pena. E, mesmo que pareça que eu esteja fazendo apenas uma gota, o oceano será menor sem ela.